Não sei o que você pensou sobre esse título, mas gostaria de dizer que o que andei estudando para escrevê-lo tem me feito pensar muito. Poderia escrever sobre a presença de filhos, ou da sogra (porque em ambos os casos, implica em ter mais gente no casamento), ou até de traição no casamento. No entanto, não é esse o caso.
Quero dizer que para em todo o relacionamento, independentemente de como vocês vivam ou do que façam, do tanto que se preparem para a vida a dois, ou se apenas entraram, sem saber nada, e agora passam dificuldades para entenderem exatamente como fazer as coisas funcionarem, precisam lembrar que seu casamento sempre vai envolver um triângulo.
Já escrevi aqui que um triângulo do casamento é Deus e o casal. Nesse texto não é disso que quero falar, mas sim do fato de que em todo relacionamento você precisa de três características marcantes, que estejam presentes, para que o relacionamento seja bem sucedido. São elas: liberdade, responsabilidade e amor.
Cada parte é um vértice muito importante dessa relação que se estabelece, e que se pretende que dure para a vida inteira. Se não soubermos equilibrar esses três aspectos, em um relacionamento sempre haverá mais tristeza do que alegria, e deixará de crescer para se tornar o que deveria.
Portanto, vamos analisar esses três aspectos, para que você possa refletir e coloca-los em prática, para melhorar seu relacionamento.
LIBERDADE
Desde o início, fomos criados para sermos livres. Deus nos criou livres, pois podemos escolher os rumos e as direções que desejamos para nossa vida. Podemos escolher o que vestir, o que comer, como viver, com quem nos casarmos, e como vamos reagir às coisas que nos sobrevém na vida.
O casamento deveria ser um lugar de liberdade também. Muitas pessoas passam a vida inteira lutando contra sentimentos de pouco valor próprio, de desprezo, de baixa autoestima, de vergonha, de insegurança. Em um relacionamento, pelo menos naqueles nos quais o casal busca viver de acordo com os princípios que Deus estabeleceu para a relação matrimonial, ambos, marido e mulher, têm segurança e liberdade desse tipo de sentimentos.
Os dois podem crescer para serem mais bem sucedidos no trabalho (“por trás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher”), na vida social (não precisam mais se preocupar se encontrarão alguém ou não) e mesmo no temperamento e caráter (o casal pode se fortalecer mutuamente, um ajudando o outro a se tornar melhor, a lidar com os traumas do passado, e a sonhar e buscar algo além do que a mesmice da vida).
O problema é que em muitos casamentos, as pessoas estão vivendo em prisões de segurança máxima. Muitas pessoas acham que são donas de seus cônjuges, e por isso desejam decidir o que a outra pessoa veste, come, faz. Usam de chantagens emocionais, manipulações, etc., para conseguirem o que desejam. O que não percebem é que com esse tipo de atitude, as outras pessoas nunca se tornam livres para realmente serem quem poderiam ser, e cria-se uma codependência doentia entre as duas pessoas, já que as duas se encontram inseguras, e uma critica a tentativa da outra de se tornar melhor.
Em outros casamentos, o problema é diferente. Não é o cônjuge que cria essa dependência, é a própria pessoa. Ele/ela coloca tanta expectativa de felicidade na outra pessoa, que quando as coisas não vão do jeito que deseja, fica triste, deprimido/a, frustrado/a, etc. E com isso, não são presos, mas escolhem viver dentro de uma prisão emocional, esperando que a outra pessoa resolva os problemas que apenas ele/ela próprio/a pode resolver. São pessoas que escolhem deixar de ser livres.
Em qualquer dos dois casos, as pessoas precisam se libertar desse tipo de dependência, e a maneira de fazerem isso é por meio de assumirem a responsabilidade.
RESPONSABILIDADE
Essa talvez seja a característica que as pessoas não lembram que existe. Todos querem ser livres, ter independência (pelo menos é o que sonhamos à partir da adolescência). Alguns preferem ficar solteiros por mais tempo, para curtirem a liberdade. O que não entendem, é que a liberdade sempre envolve aspectos de responsabilidade. Você é livre, mas é responsável pela maneira como lida com sua liberdade. Ou seja, você é responsável pela maneira como reage às coisas ruins que acontecem em seu casamento, é responsável por buscar ser uma pessoa melhor, é responsável por buscar ajuda para resolver seus próprios traumas emocionais. Você é a pessoa responsável que precisa assumir o controle de você mesmo.
Deus não nos criou para dependermos uns dos outros. Ele nos fez para sermos responsáveis uns pelos outros. Isso implica em fazer o melhor para a outra pessoa, melhorar a vida dela, lutar para ser alguém que é uma plataforma de lançamento para fazer a outra pessoa feliz, e não uma pedra de tropeço, para fazer a pessoa desistir de seus planos e sonhos.
Você é livre para fazer o que quiser, mas lembre-se que também é responsável por lidar com as consequências dos seus atos. Logo, se você decidir, por ser livre para escolher como agir, sempre lutar para ver o melhor em seu cônjuge, para transformar a vida dele/dela em algo melhor do que era antes, você está fazendo porque assumiu essa responsabilidade, não porque espera que ele/ela responda de maneira igual. Você não tem controle sobre os comportamentos da outra pessoa, mas pode cuidar muito bem de seus comportamentos e suas responsabilidades.
AMOR
Se você consegue entender que é livre, e com isso assume a responsabilidade pela sua liberdade, saiba que só assim você pode realmente amar alguém de verdade. E nesse ponto entendemos que amar é uma decisão. Não porque você não tem controle, não consegue agir de outra forma, fez sem pensar.
A razão é que você decide amar independente da quantidade de amor que recebe. Você decide amar mesmo quando a outra pessoa não está agindo de forma que lhe dê “vontade” ou que faça você “sentir” o amor. Você ama porque usou a liberdade de amar e assumiu a responsabilidade de amar mesmo quando a outra pessoa não parece responder do mesmo jeito.
É por isso que todo relacionamento precisa desses três aspectos. Somente quando você decide viver essa liberdade, ser responsável e amar de verdade, não apenas de acordo com a outra pessoa, você pode encontrar a felicidade e a satisfação que vêm dos relacionamentos.
Por isso, se você tem pensado em quanto seu casamento não está sendo do jeito que você gostaria que fosse, pare de pensar no quanto a outra pessoa não está correspondendo, e comece a usufruir de sua liberdade de pensar diferente, sua responsabilidade por buscar a felicidade por sua própria vontade, e passe a experimentar o amor verdadeiro, como Deus planejou que fosse.
Que Deus abençoe você e seu casamento,
Osmar Reis Junior
Psicólogo do CEAFA
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