Temos atualmente no Brasil um grande comércio de carros. As concessionárias apresentam opções as mais variadas, fazendo com que decidir fique muito difícil. Então, querendo garantir que sua escolha seja a melhor, há a opção de fazer um test drive com o veículo. Você pode dirigir um pouco, para sentir o que significa ter aquele carro. A expectativa é que depois que você experimente o veículo, você tenha certeza de que é aquilo mesmo que você quer.
Dia desses estava lendo na internet que há uma ideia de que o casal pode decidir morar junto antes de oficiar a cerimônia de casamento, pois com isso, teria certeza de que estariam escolhendo as pessoas certas, estariam dispostas a superar as dificuldades, e ter certeza de que poderiam ser mais felizes e realizadas com isso.
Será que essa lógica do test drive para o relacionamento dá certo? Será que os problemas diminuiriam se por acaso o casal passasse um tempo vivendo junto antes?
Bom, acredito que algumas coisas precisam ser analisadas antes, para se ter a certeza de que tudo está sendo levado em consideração.
A primeira, e mais importante delas, é a pessoa entender realmente porque deseja estar com alguém. Tem gente que é tão infeliz sozinha, que pensa que a única chance de ser realmente feliz é estando ao lado de alguém. Por essa razão, quando aparece alguém interessante, essa pessoa acaba se tornando a resposta para todos os anseios, o caminho para a felicidade.
O problema é que quando acontece isso, temos a tendência de fechar os olhos para tudo de ruim que a outra pessoa tem. O foco fica apenas naquilo que ela tem de bom, e não no que tem de complicado. Só que muita gente acredita que esse tipo de dificuldade só se resolve se viver junto. Aí sim vai ser possível ver a outra pessoa como ela realmente é.
Pois bem, concordo em parte com isso. É claro que só podemos entender a outra pessoa quando vivemos com ela. Alguns dizem que só sabemos quem a outra pessoa realmente é quando partilhamos um saco de sal. Ou seja, com o tempo de convivência.
Só que isso não quer dizer que tem que ser necessariamente quando vivem juntos. É para isso que serve o namoro. Devemos investir nesse tipo de relacionamento para conhecer a outra pessoa. Só que isso não acontece, porque muita gente fica tão preocupado/a em impressionar e não perder a outra pessoa, pois vai voltar a ficar solteiro/solteira, que se submete a todo tipo de coisa, e tenta parecer a melhor pessoa que pode ser. Ou seja, não é porque vão morar juntos que esse problema pode ser evitado. Deve-se gastar tempo conversando, entendendo o que o outro pensa da vida, quais seus valores mais importantes, etc.
Outros acham que morar juntos ajuda se for necessário se separar, pois já que não oficializaram nada, isso pode permitir a uma pessoa se desvencilhar mais rapidamente. Essa é outra opinião equivocada. As pessoas não percebem que quando fazem a opção de morar juntos, tanto o homem quanto a mulher emocionalmente se unem como se estivessem em uma relação. Não é que são duas pessoas solteiras partilhando um lar. Ambas se consideram casadas, apenas não fizeram o processo da cerimônia. Ora, isso pode acontecer por motivos financeiros, por questão de trauma da pessoa, ou mesmo para evitar a expectativa social. Infelizmente, nada disso fica de fora. Diante de uma decisão de morar juntos, não há a opção de ficar emocionalmente separado. Já implica uma união emocional. Com isso, qualquer separação entre os dois, vai trazer os mesmos tipos de consequências, mesmo perante a lei, de uma união formalizada.
Agora, uma coisa importante a ser considerada é que a vida é feita de ciclos, e de decisões que mudam a perspectiva de como viver. Entrar na escola, Entrar no ensino médio, entrar na faculdade, formar-se na faculdade, conseguir o primeiro emprego, etc., todas essas situações implicam em mudanças sociais, de como se percebe a pessoa, e de expectativas e necessidades. Uma das importantes mudanças da vida é aquela que advém da decisão de casar-se. Ela implica mudança não apenas do status do Facebook, nem das fotos postadas nas redes sociais. Implica uma nova perspectiva de vida, uma nova forma de entender como as pessoas devem agir, como devem se comportar. Implica uma mudança de prioridades, de propósitos, de interesses. Por essa razão, acho que é muito importante haver o casamento, seja ele como for (só o civil, civil e religioso, civil e religioso e festa). Não apenas para os outros, mas para que o casal também possa conscientizar-se de que uma nova etapa se inicia para os dois, e que mudanças precisam ser feitas. Esses ritos sociais de mudança servem para isso. E são muito importantes.
Por isso, o namoro deve ser aproveitado para se pensar bem sobre a relação, conhecer a pessoa, saber se ela é ou não alguém com quem você suporta viver durante sua vida. Então, tome as decisões necessárias, para fazer do momento em que decidem viver sob o mesmo teto um momento de realmente assumir responsabilidade um pela vida do outro. E depois, jogue fora a chave, queime a ponte que usou para cruzar o abismo da vida de solteiro para a vida de casado. Assuma seu relacionamento e faça o que for necessário para fazê-lo funcionar.
Que Deus abençoe você e seus relacionamentos,
Osmar Jr
Psicólogo do CEAFA
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